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sábado, 6 de junho de 2009

Os 7 passos de um casamento feliz

Os 7 passos de um casamento feliz

Surpresas e desafios fazem parte do caminho de qualquer relação. Conheça o que pode facilitar a jornada amorosa

Déborah de Paula Souza Consultoria Tai Castilho, terapeuta de casal e diretora do Instituto de Terapia Familiar de São Paulo Foto Tony Latham/zefa/Corbis/Latinstock

Casamento feliz1. Sonhar juntos


Viajar, arrumar a casa, ter um bebê... O sonho de construir uma vida juntos funda um casal. Ao longo o casamento, os dois mudam e os sonhos também. O grande desafio, em qualquer fase da relação, é lidar com o de sejo do outro, o que implica suportar frustrações e adiamentos ou simplesmente ter que administrar diferenças inesperadas (você quer férias na praia, ele acha melhor trocar de carro...). Por isso, a realização dos planos vai demandar muita conversa. O projeto comum dá a medida de quanto o casal está conectado e aceita limites. Por exemplo: uma mulher bem-sucedida pode descobrir que o marido não tem as mesmas ambições que ela. Os valores e as finanças influenciam a programação. Além do mais, ambos estão sujeitos às pressões sociais e das famílias de origem. Libertar-se de interferências, descobrir o próprio desejo e partilhá-lo com o homem amado são sinais de maturidade. É na convivência que o casal descobre que não dá para apostar tudo no sonho comum. Ambos precisam armazenar fôlego para projetos pessoais. Essa percepção diminui cobranças e abre portas para negociações, permitindo que utopia e realidade se equilibrem.

2. Assumir a família


No casamento, os parceiros levam para casa um legado de valores, crenças e mitos de pelo menos três gerações, mas nem sempre se dão conta dessa bagagem. Por isso, assumir um novo núcleo significa não apenas priorizar um programa com o marido mas também preparar-se para lidar com o encontro de duas culturas diferentes, o que traz riqueza e também atritos. A chegada dos filhos, quando as famílias se aproximam, pode aguçar com petições veladas ou explícitas. Cuidado para não brigar com seu par ao defender uma bandeira da sua família – seja diplomática e tente conhecer as bandeiras da dele. Guardadas as proporções, o casal funda um novo país. Será importante tanto defender o território quanto abrir fronteiras, assimilando influências. Para não pisar em campo minado:

A. Respeite a família do outro.
B. Evite ironias, indiretas e nunca use um desabafo que seu parceiro fez sobre os próprios parentes para atacá-lo.
C. Não confunda enredos. Se seus pais foram ausentes ou invasivos, isso não significa que os dele também sejam.
D. Lembre-se de que nem ele nem você têm como missão reparar as faltas – emocionais ou financeiras – das famílias de origem.

3. Tornem-se amigos


Mas não muito! Esse passo exige cautela. Quem não quer ser amiga do grande amor? É ótimo viver com um bom companheiro, torcer por ele, dar e receber apoio e colo; ser solidário; rir juntos. Tudo isso é uma delícia porque sentir-se parte do mesmo time é uma das faces da paixão. Mas não vale ser amigo demais, senão acaba virando irmão. O equilíbrio é sutil e o ajuste tem a ver com duas perguntas: até que ponto vocês sabem lidar com conflitos? E como anda a libido? Quando a amizade serve para camuflar algum problema nessas áreas, fique alerta. Uma coisa é um casal que cultiva afinidades e sabe construir uma sólida base de confiança – essas condições são essenciais para garantir a longevidade de uma relação. Mas não há nada mais antierótico do que encarar o marido como um velho amigo que não a desafia nem provoca, não instiga mais sua curiosidade porque vocês sentem que ficaram muito parecidos. Aí, a faísca da diferença entre homem e mulher se perde. Esse tipo de amizade morna pode até trazer um certo conforto, uma ilusão de garantia: mas não há mais risco, surpresa, tesão. O marido tem que ser um amigo que a gente ainda tem vontade de beijar na boca.

4. Cultivar o erotismo


Nunca abandone os pequenos rituais – tomar um vinho ou um banho juntos, sair para jantar, dar uma escapada a dois. Sem esses cuidados, o risco de serem engolidos por assuntos domésticos é enorme – vocês deixam de ser amantes e tornam-se grandes “tarefeiros”. A troca afetiva empobrece e a libido não resiste porque a sexualidade não se restringe ao que acontece na cama de casal. Ela se alimenta de todas as situações em que vocês podem admirar um ao outro; se divertir juntos, trocar confidências e também acertar os ponteiros, pois mágoa acumulada esfria qualquer história. As atividades culturais e uma roda de amigos bacanas também oxigenam a relação. É erótico ter uma vida interessante! Os casais com filhos pequenos precisam batalhar pela privacidade. Confie: uma família é mais feliz quando pai e mãe querem continuar namorando. E os casais longevos devem usufruir da intimidade conquistada. As condições para isso: cuidar da saúde física e emocional, fugir da cilada da paixão romântica (exigir-se alta performance sempre) e não acreditar nos mitos do envelhecimento, pois a sexualidade é parte da vida e não apenas da juventude.

5. Aprender a brigar


A boa briga é aquela em que todas as opiniões são legitimadas. Talvez o casal não chegue a um consenso, mas é importante que as diferenças se manifestem, que ambos possam se colocar sem simular que está tudo bem quando não estiver. A briga produtiva é muito diferente de gritar e xingar, de ficar muda e emburrada ou ainda de insistir nas eternas reclamações, que só desgastam e amortecem o conflito, quando o fundamental é enfrentá-lo. A chave é: fazer-se escutar e abrir-se para ouvir o outro. Caso contrário, o motivo da briga deixa de ser importante, e vocês disputarão a última palavra. Cuidado com as certezas absolutas, a ilusão da verdade única – o que existe são duas visões que precisam ser respeitadas. Isso abrirá espaço para futuras negociações. Discutir só para ver quem tem razão é destrutivo e não ajuda a simbolizar o que é necessário. E, diante do confronto, vocês terão que elaborar perdas, como a imagem do casal perfeito e as idealizações a respeito do parceiro. Por mais que exista amor, o convívio mostra que o outro não é “tudo o que você sonhou”, e sim uma pessoa real, que pode pensar diferente.

6. Enfrentar a dor


O sofrimento é um teste radical, e a possibilidade de saírem fortalecidos dele está condicionada ao repertório que vocês conseguiram construir. Enfrentar uma experiência de luto, uma doença, falência ou um longo período de desemprego não é fácil. Um turbilhão de emoções, como tristeza, frustração e raiva, colocará em xeque a confiança e a qualidade da relação. Numa situação, por exemplo, em que um dos parceiros entra em depressão ou enfrenta uma derrocada financeira, a fragilidade fica escancarada e alguém pode pensar: “Não foi com essa pessoa que eu me casei”. Cuidado para não estigmatizar o outro, não feri-lo com gestos ou palavras, não lhe dar instruções sobre o que fazer. Talvez ele só precise de atenção e ouvidos. A expectativa é que, num momento difícil, um apoie o outro. A desestabilização, porém, pode inviabilizar isso, gerando mágoas e cobranças até mesmo numa situação de sofrimento mútuo, como a morte de um filho. Diante dos grandes impasses, é importante buscar ajuda terapêutica. Um casal que ultrapassa a tempestade cria uma cumplicidade rara, reafirmando a promessa de companheirismo ”na alegria e na tristeza”.

7. Fazer acordos


Tempo e dinheiro são as duas moedas mais valiosas da nossa época. Na dinâmica de casal, elas acionam questões emocionais. Todo relacionamento tem um livro-caixa invisível, onde ficam as perguntas: quem está devendo? Quem está dando mais ou menos para a relação? Quando essa cotação se desequilibra, as carências – de atenção, sexo, apoio, afeto – e apelos subjetivos de toda ordem podem apresentar-se em forma de cobranças de tempo, dinheiro e prestação de serviços. Portanto, a primeira atitude é tentar descobrir o que incomoda. Onde é que vocês dois sentem-se magoados, sobrecarregados, roubados? Assim será possível fazer acordos mais justos. O segundo ponto é ver se vocês estão numa relação complementar, do tipo: esposa organizada versus marido desligado ou vice-versa. Os dois podem se acomodar nesses papéis e se prejudicar. O melhor antídoto contra isso é esquecer a lenda de que cada um é a “metade da laranja”. Mentira. Cada um é uma pessoa inteira e precisa responsabilizar-se pelo próprio equilíbrio e fazer sua parte na dinâmica conjugal. Essa postura agiliza a administração da agenda e do orçamento doméstico.

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